“O vírus teve o azar de encontrar pela frente um povo experimentado e um Governo capaz”, diziam os socialistas em Junho do ano passado. O presidente da república falava no “milagre português” e o primeiro-ministro transbordava confiança. O Trump era maluco e o Bolsonaro um genocida: “aquilo no Brasil é que está muito mau” ou “a Suécia optou pela política errada” eram as frases que se ouviam e liam mais na comunicação social, repetidas pelo povo vezes sem conta.
De repente, vivemos num estado absolutamente calamitoso, como o país com maior número de casos e mortes per capita. As funerárias sem mãos a medir, os Hospitais acima da linha vermelha e o caos generalizado no SNS. E não podemos esconder a razão deste estado de coisas: um Governo incompetente e incapaz de controlar o povo. Com decisões erradas, tardias, inércia e falta de liderança, o Governo foi levado pelos acontecimentos e deixou que o vírus se espalhasse de forma desoladora. O Trump era maluco mas os seus piores números fazem-nos inveja e nos dias com mais mortes, o “genocida” Bolsonaro teve menos de metade dos nossos atuais números per capita.
A comunicação social, que sempre sustentou este Governo, ainda não o abandonou. A ministra da saúde deu ontem uma entrevista na RTP3 perante um jornalista tímido e os seus melhores momentos puderam ser reproduzidos hoje. As escolas vão ser fechadas e logo os números, posso apostar, vão aparecer miraculosos.
Tudo isto que aconteceu foi o sintoma de algo que venho a falar há muito: a corrupção generalizada no Estado, o nepotismo vergonhoso existente nas mais altas esferas governamentais, a oligarquia que gere o nosso país e controla o que é feito, dito e pensado. Se continuarmos a tolerar isto, vamos deixar aos nossos descendentes um país irremediavelmente pior do que aquele que os nossos ascendentes nos deixaram. Os pobres e os sem voz vão continuar a crescer. E um dia as esmolas dos países ricos deixarão de cair, pelo que nem o cartão de militante ou a cunha do papá salvarão o que resta da classe média e média-alta. Talvez nessa altura haja uma reação concludente do povo que tudo tem suportado e sido repetidamente abusado pelas ideologias e pelos políticos.

O mundo todo teve que aprender a “adaptar -se” as novas mudança que surgiram por conta da pandemia do coronavírus. O Brasil ainda sente os resquícios de uma crise sanitária que dizimou muitas vidas. A negligência nos bateu a porta, de modo que, não tivemos do governo a resposta necessária para solucionar parte de suas urgências. Resultado: decrescemos em todos os sentidos. Os nossos políticos brigam mais por suas cadeiras do que pelo direto do povo.
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