O caminho da direita

No início pensei que o partido Chega pudesse ser uma lufada de ar fresco na política portuguesa, com propostas inovadoras que acompanhassem o discurso duro. Com o passar do tempo observei que estava a ser ingénuo e que o Chega não é bem um partido político, mas antes uma manobra de “marketing”, cheia de lugares comuns e chavões que vão ao encontro de um certo nicho de eleitores. Uma visita ao seu sítio da “internet”, por exemplo, tende a ser doloroso, tal a quantidade de palavras de ordem e falta de conteúdo, ou melhor, de um projecto concreto para o país. O método não é nada original, é uma réplica de outros países, com a elevação do líder e a defesa de generalidades com um ritmo insistente, que soam bem a inúmeros ouvidos.

André Ventura tem dupla atenção na imprensa: o que ele diz de forma inflamada e o que os moralistas da esquerda repetem ao criticá-lo. Ventura consegue incendiar a opinião pública por culpa de quem lhe dá palco e por quem tenta apagar o fogo com gasolina. Mas evidentemente que isto tudo tem uma motivação óbvia: a esquerda radical só tem razão de existir se houver uma direita radical. A sobrevivência da extrema-esquerda (e dos seus ideais culturais hoje amplamente difundidos) depende da eliminação dos moderados.

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