O síndrome da mulher vítima de violência doméstica

Os eleitores portugueses sofrem do síndrome da mulher vítima de violência doméstica. Tal como a mulher abusada, apanham e voltam a apanhar dos Governos, com impostos crescentes e rendimentos desiguais, empregos precários e reformas miseráveis, educação pobre e saúde arruinada e uma sensação de que a sociedade está cada vez mais podre.

Os políticos andam há várias décadas a mentir aos portugueses, não cumprem promessas que berram em períodos eleitorais e manipulam a opinião pública através de equipas de marketing que fazem uma propaganda enganadora e viciosa. Os gestores públicos são apadrinhados pelos partidos no poder e, apesar de serem a razão direta da ineficácia de muitos setores estatais, são generosamente recompensados para o resto da vida.

Não há responsabilização pela gestão danosa do bem público, a incompetência é premiada e a corrupção esquecida ou passada despercebida por ser tão corrente. Pior ainda, a corrupção está completamente impregnada na vida dos portugueses, tornando demasiadas pessoas cúmplices da sua rede de influências, desde a “cunha”, a pancadinha nas costas, a nota debaixo da mesa para apressar o processo, a promiscuidade entre interesses públicos e privados, até tudo o que a nacional esperteza saloia conseguir inventar. Muito calam-se no meio deste tráfico criminoso porque estão enlameados no esterco, outros porque são amigos dos envolvidos, mas a maioria perdeu a esperança: age como se tudo isto fizesse parte de um sistema que não podem mudar.

Por muito que, por exemplo, este Governo esteja carregado de nepotismo, gasto de milhões públicos em compadrios incompetentes, subida da dívida pública e fosso crescente entre ricos e pobres, o eleitor nacional acaba por votar nos mesmos, tal como a mulher vítima de violência doméstica perdoa sempre no final o seu agressor. Por muito que greves abalem diariamente o país, é tudo esquecido no dia das eleições, tal como a mulher vítima de violência doméstica se coloca de joelhos em frente do polícia a suplicar para não levar o marido agressor.

É preciso libertar o povo português do papel de vítima consentida.

in A Revolta do Homo Sapiens

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