A resolução de situações de crise
Uma empresa é um organismo vivo, que deve ter anticorpos que agem automaticamente contra os ferimentos causados por agressões internas ou externas. Dificuldades a nível de gestão colocam-na com o sistema imunitário frágil e muito susceptível aos mais pequenos cortes de papel
A minha experiência pessoal de décadas sobre como as empresas portuguesas, sejam públicas ou privadas, resolvem situações de crise ao nível dos recursos humanos, é que normalmente acontece uma de duas ocorrências: ou o assunto se resolve por si próprio ou piora. Sejam alterações no relacionamento com clientes ou fornecedores, conflitos internos, ou problemas cognitivos dos trabalhadores. A primeira razão é claramente de mentalidade e ética de trabalho, ambas próprias de um país que até há pouco era predominantemente dos setores primário e secundário, com mão-de-obra intensiva e condições laborais rigidas. A segunda razão é a impreparação dos gestores de pessoas para lidar com pessoas. Como não há departamentos de bem-estar (ou os que há não funcionam e valem bola) são os próprios gestores que têm de lidar com problemas naturais das pessoas (porque antes de serem funcionários, são pessoas) e a sensibilidade ou formação específica para isso não existem. O resultado disto é o organismo vivo empresarial estar continuamente doente, sem vitalidade e sem conseguir vibrar perante os desafios da economia atual.
