No dia 26 de Outubro de 2021, houve um momento explicativo sobre os novos partidos de direita: poucos minutos antes de António Costa fazer o discurso da maioria absoluta , Cotrim Figueiredo e André Ventura exultavam com o aumento de deputados da IL e do Chega. Não interessava que o PS tivesse conseguido o poder de governação absoluta para os próximos cinco anos, nem que tudo o que estes novos partidos defenderam na campanha eleitoral não pudesse ser cumprido. O que estava no pensamento dos líderes e apoiantes da IL e do Chega, é que tinham acabado de conseguir um grande aumento de deputados, portanto subvenções, portanto assessores, portanto dinheiro e cargos. Foi um momento de brutal honestidade e cruel felicidade.
Se chamam ao Bloco de “esquerda caviar” podemos dizer que a Iniciativa Liberal é a “direita gourmet.” Originada pela movimentação ideológica de quem veio dos democratas-cristãos e da deslocação irracional de quem se dizia social-democrata. Tanto num caso como noutro, é profundamente perturbador pensar na flexibilidade de crenças de passar de um extremo para o outro, quer em termos de costumes como de economia. Ou seja, como é que alguém que era do CDS passa a acreditar na liberalização das drogas, do aborto e da eutanásia? E como alguém que era do PSD passa do keynesianismo para o liberalismo clássico?
O Chega nunca foi um partido político, mas sim uma manobra de marketing para colmatar a inexistência da direita radical populista em Portugal, que tantos votos consegue pela europa e resto do mundo. Ao contrário da irrelevância da família europeia da IL, o Chega tem na Identidade e Democracia, um grupo já com bastante poder e força política. Tal como qualquer plano de marketing, tem passado por diversos estádios e neste momento está no seu pico, não sendo provável que cresça muito mais. As características são muito semelhantes nos diferentes países, com a figura do lider incontestável, tal como se vê nos mais recentes outdoors, que vangloriam André Ventura, apesar de terem conseguido uma força parlamentar significativa.
(ver artigo completo da minha autoria no Jornal O Diabo de 07/04/2022)