Porque Somos um País de Parolos

1. Somos um país subsídio-dependente

Andamos há trinta e cinco anos de mão estendida aos países do norte da Europa, a mendigar o dinheiro que não conseguimos produzir. Não passamos de uns pobrezinhos com manias de rico. E para suportar a vida luxuosa de metade da população, a outra metade passa por sérias dificuldades de sobrevivência – uns vivem em condomínios fechados e gabinetes majestosos, a mandar noutros que fazem de conta que trabalham, cinco dias por semana, sete horas por dia, recebendo tratamento especial quando adoecem e mais regalias que só os países mais ricos conseguem; os outros são os afilhados pobres, que têm de labutar para suportar as excentricidades da metade privilegiada, vivem e sofrem na miséria, a serem enganados por ideologias e crenças que prometem um oásis que nunca aparece, mas que funciona como o velho truque da cenoura à frente do burro. E quando acaba o dinheiro da Europa… bom, até agora o dinheiro da Europa nunca acabou e só exigiram reformas durante um par de anos, por isso vamos continuar indefinidamente com a fraca produtividade, o aumento do peso dos pançudos do Estado e a velha amiga corrupção.

2. Endeusamos umas centenas de celebridades

Há em Portugal uma espécie particular de gente que nunca trabalhou na vida, ou que a certa altura deixa de trabalhar. Não têm qualquer talento especial, embora a maioria seja apelidada de artista; não produzem coisa nenhuma, a não ser selfies para o Instagram e entrevistas para a comunicação social; não são especialmente inteligentes, embora possam aparecer sobre a forma de políticos ou comentadores. Tanto se convenceu o povo que a religião era o seu ópio, que agora os altares estão cheios de gente vazia, fútil e superficial – na verdade, o espelho fiel da nossa sociedade.


3. Toda a gente é doutora ou mestre

Somos obcecados com títulos. Há uma nova prole de fidalgos, condes, barões e marqueses: são a primeira (ou no máximo segunda) geração de pessoas que se formaram nas universidades, que de tantas e tão democráticas, perderam qualidade, valores – e até os professores nunca foram tão desrespeitados e maltratados. Há vinte anos todos eram doutores e hoje todos são mestres – mas nunca se escreveu tão mal, se leu tão pouco e houve tanta ignorância generalizada, com falta de profundidade.

4. A cultura é um lugar esquecido

A moda venceu a cultura. Perdeu-se completamente o sentido estético, o gosto pelo belo e o amor infinito à arte. Em vez de escritores, temos especialistas de marketing que inundam as folhas de chavões superficiais e histórias foleiras. Em vez de representação, temos modelos a fazer de conta que representam. Em vez de música, temos o triunfo arrasador dos filhos do pimba. Num país de parolos, não há exigência: tudo é bom, desde que apareça na televisão ou se ouça na rádio. Meia-dúzia de pacóvios controla o que se vê, ouve e lê. Nada disto é cultura: é apenas bijutaria que envelhece mal e jamais sobreviverá ao tempo.

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