Devemos amar as pessoas como indivíduos, seres humanos iguais a nós, dignos de tolerância, compaixão e fraternidade. O pior é quando as pessoas se juntam em multidões ou grandes grupos, pois é aí que muitas vezes se transformam em monstros de sete cabeças – é aí que perdem a sua identidade pessoal e cometem os crimes mais atrozes, com a ajuda ou complacência de populações inteiras. Os exemplos recentes da História são muitos e só no século XX posso referir o nazismo, o estalinismo e o maoísmo. E aqueles que geralmente procuram as multidões, fazem-no porque sozinhos não são nada e precisam desesperadamente da aprovação dos outros e da força que isoladamente não têm. No entanto, existe a outra face da moeda, que são as pessoas que se juntam de forma benigna e altruísta para a prossecução do bem-comum – e felizmente que exemplos destes também abundam. Ou seja, ao contrário do pressuposto marxista de que “a história humana é regida pela luta de classes” – a verdade é que a cooperação entre elas define muito mais a humanidade.
Quem lê alguns dos meus textos pode pensar que tenho um ódio descomunal ao marxismo e suas correntes, mas tal não é verdade. Parte da minha educação primordial foi feita por uma tia, assistente social e sindicalista, militante do M.E.S. junto com Jorge Sampaio, presa pela P.I.D.E. por diversas vezes e cuja viagem final, antes de morrer, foi à U.R.S.S. – e tenho um orgulho infinito nesta tia, na sua força e coragem, na forma apaixonada como me ensinou a luta pelos direitos dos trabalhadores e dos desprotegidos. Hoje em dia, as minhas amizades vão do Partido Comunista ao MRPP, onde existem pessoas que muito admiro. No entanto, como grupos organizados e partidos políticos, vão contra tudo o que acredito e que considero ser o melhor para a sociedade portuguesa e o mundo inteiro. Por melhores intenções que, individualmente, as pessoas tenham, a verdade é que estão a ser enganadas por ideologias que há muito se provou não funcionarem e que provocaram a desgraça a centenas de milhões de seres humanos. Marx é irrefutável porque é uma crença ideológica – no entanto, se observarmos as suas ideias como teorias científicas, chocam com a realidade económica e social.
Respeito, apoio e dou a vida pelo direito dos trabalhadores, se a intenção principal for altruísta – e não em troca de apoios ou doutrinação cega. O Estado Social é fundamental, desde que não sirva para criar um país com dois sistemas, servindo a desigualdade, o compadrio e a ineficiência. Infelizmente, é o que acontece em Portugal: o Estado é um monstro gigante com obesidade mórbida, sugador de recursos, corrupto até à medula e incapaz de garantir a sua função de auxílio aos desafortunados da sociedade. Sejamos claros: não podemos ter instituições e empresas públicas que só servem para empregar amigos dos partidos políticos, sendo que a sua existência é suportada por princípios de esquerda que só servem para eternizar o próprio poder.
Também não posso concordar com os ódios ideológicos marxistas, que parecem ser traumas freudianos de que os seus fundadores não se conseguiram livrar. Mais do que um preconceito filosófico, sempre houve um real ressentimento com a família tradicional cristã, como se esta fosse a raiz de todos os males. Por isso o apoio indiscriminado a tudo o que a mate, a esmague e a extingue. E este é apenas um dos seus ressentimentos primordiais, mas há muitos outros, sempre disfarçados de argumentação em defesa dos injustiçados. Quem pode apoiar este discurso, a não ser que esteja cego pela lavagem cerebral da sua continua propaganda ou que tenha sérios dividendos a perder? A recente expansão dominadora de várias correntes marxistas, principalmente em países do primeiro mundo, alerta-nos para um mundo desenvolvido mas pouco evoluído, imerso em conhecimento mas sem profundidade, com tecnologias avançadas mas sem humanismo.
É altura de fazermos o funeral de Marx. Avisem os comunistas e socialistas que está morto, assim como o seu mundo imaginário e falido. Podemos caminhar para uma sociedade cada vez melhor sim, mais igualitária, justa e solidária, se a humanidade utilizar a sua experiência e conhecimento para formas de organização mais racionais e políticas económicas mais eficientes, sem preconceitos, obstáculos ou intolerâncias. É o único caminho.
