Eles ganharam

Há vinte anos atrás, éramos um dos países mais pobres da União Europeia a doze. Hoje somos um dos países mais pobres a vinte e sete. O que falhou?

Falharam os políticos. Os partidos do centro criaram um monstro público, corrupto e incompetente, que os suporta nas eleições e eterniza o poder dos mesmos. E por isso a corrupção é endógena, alimenta o monstro, é descarada, sob a forma de nepotismo, cunhas, favores, podridão sem fim. Os partidos populistas da esquerda radical falharam o seu propósito de defender os trabalhadores e os necessitados: há mais desigualdades, injustiças e compadrios. Os partidos da direita foram sempre e sempre serão uma desilusão, de novos-ricos que apenas olham para o seu capital.

Falharam os empresários. O lucro dos pequenos e dos grandes sempre se deveu à exploração de poucos ou muitos trabalhadores. Além do baixo salário, nunca conseguiram criar vantagens comparativas, inovação ou competitividade. Queixam-se do Estado como a raíz de todos os males, mas quando algo corre mal vão a correr pedir subsídios e ajudas. Maus gestores, sem formação ou informação. Maus trabalhadores, sem competência ou comportamento.

Falhou o público e falhou o privado. Não é fácil ser socialista em Portugal, quando só beneficia meia-dúzia com cartões do partido e todos os outros que, de joelhos, tentam catar migalhas. O Estado tudo pede aos cidadãos e pouco dá e mal e a más horas. O serviço público, que devia ser luxuoso, tal a quantidade de impostos que pagamos, está cheio de ferrugem e sem qualidade – o dinheiro é desviado para o festim privado dos corruptos e seus escravos. Não é fácil ser liberal em Portugal, quando as empresas não conseguem ser competitivas, estão presas a procedimentos do século dezanove e têm medo de evoluir. O privado tem os mesmos vícios e ineficiências do público. Ser liberal em Portugal é criticar o Estado por dar subsídios aos pobres e criticar o Estado por não dar suficientes subsídios às empresas. Já a má gestão, feita por instinto e sem qualidade, nunca é julgada, apesar do seu dano ser criminoso.

Falharam as ideologias. Iludidos por uma cultura que faz propaganda de ideias falidas do passado, a tradição e o orgulho nacional foram espezinhados, em detrimento de uma pátria socialista mundial sem fronteiras. Tentada mil vezes no passado sem sucesso, é apresentada aos jovens como moderna, progressista e fixe. Responsável pela morte de milhões em campos de concentração e limpeza étnica, é a maior inimiga da humanidade. Mas consegue fazer uma lavagem cerebral a uma juventude sem profundidade, jurando que o problema do mundo são religiões pacifistas e valores seculares que defendem a vida, condenam as drogas e colocam o amor pelo próximo como objetivo principal.

Falhámos eu e tu, que não lutamos nas ruas pelo futuro da humanidade, que permitimos que as pessoas comuns e sérias deixassem a politica, que vemos injustiças e desigualdades diariamente, sem mexer um dedo para as corrigir. Falhámos tu e eu, que adormecemos na mansidão de um mundo confortável, que nos oferecem em troco do nosso silêncio e frouxidão. Eles ganharam.

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