Começo por pedir desculpa por esta publicação. Sei que pode ofender muita gente, mas o assunto choca-me. Tenho visto demasiado “recrutadores” com erros de português incríveis, que nem os corretores ortográficos escondem. Quem tem problemas em escrever, não lê. E quem não lê, não terá futuro – profissional ou pessoal. Isto é certo.
Apontei os seguintes erros de uma pequena publicação de uma pessoa “recrutadora” que teve dez likes:
Não é “à” – é há.
Não é “à cerca” – é acerca.
“Irrisória” – adjetivo errado na frase.
Faltam vírgulas, conjunções e pronomes, enfim, um autêntico massacre da língua portuguesa.
Não culpo apenas o ensino, mas sobretudo os gestores das empresas, que empregam “carinhas larocas” ou “gente com lábia e desenrascada” para cargos de elevada responsabilidade, como neste caso o recrutamento. Depois a produtividade nacional é miserável e as empresas não dão lucro, mas a culpa é do Estado porque cobra muitos impostos, ou porque não dá suficientes apoios a fundo perdido, ou o salário mínimo é muito alto. A culpa nunca é das decisores, seres iluminados.
Como é que o responsável pelo recrutamento de uma empresa não consegue escrever um parágrafo e ainda recebe elogios pela confusão de ideias? Que formação tem e como poderá evoluir? Os funcionários são contratadas por instinto e não têm uma referência qualitativa? Os donos da empresa não estabelecem uma missão, valores e objetivos?
Pior ainda é quando as fraquezas estão escondidas em frases de gurus de gestão que são vazias, ou nomes em inglês para impressionar os incautos (soft skills, empowerment, KPI, mentoring, turnover). Um ignorante consegue enganar muito facilmente outro ignorante. E é fácil verificar que a capacidade pessoal mais valorizada nas pequenas empresas portuguesas é a improvisação, arranjar uma solução à pressa e fingir, no final, que foi tudo meticulosamente planeado.
O problema é, portanto, muito maior do que o erro gramatical recorrente. É maior que o Ensino ou o Estado. O problema é a mentalidade nacional, que está ao nível dos países de terceiro mundo.